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Afinal, por que o povo está nas ruas?

Falta de confiança nas instituições leva cidadãos a protestos e pedidos de intervenção.

Por: Rodrigo Bethlem

Engana-se quem pensa que centenas de milhares de pessoas estão indo para as ruas, nos mais diferentes estados, nas mais diferentes cidades, exclusivamente por conta da derrota do Bolsonaro.

Não é essa a leitura que faço. Acho que o presidente Bolsonaro é apenas a fagulha que acendeu a descrença da população nas instituições. Refiro-me ao Congresso, ao Supremo e à grande Mídia. Há uma falta de credibilidade generalizada na capacidade de interlocução junto à sociedade. É por isso que vemos famílias inteiras e não apenas um bando de golpistas, como alguns querem sugerir, na porta de quartéis pedindo intervenção militar no Brasil.

De antemão, digo que sou absolutamente contrário a esse tipo de medida. Primeiro, porque acho que não é a solução. Não se combate o mal com o mal. Segundo, porque ela é inexequível. Mas, uma coisa é certa: quando as pessoas chegam ao ponto de pedir algo absurdo dessa forma, em todo território nacional, algo de muito errado está acontecendo com o país.

E o que mais me assusta é como a velha imprensa e parte dos formadores de opinião querem minimizar isso rotulando como um “choro de perdedor”, insistindo em botar para debaixo do tapete e fingindo que nada está acontecendo. Torna-se muito urgente uma autocrítica forte das instituições como um todo do momento que o Brasil atravessa.

Se essas pessoas não começarem a ver, realmente, mudanças no país e, principalmente, as instituições não passarem a funcionar de forma adequada, dificilmente teremos paz e tranquilidade, independente de quem seja o presidente.

Primeira coisa a se fazer é reduzir esse enorme ativismo judicial de parte do Supremo, que, aliás, é o estopim de toda essa crise que vivemos hoje. Achar que cancelar três ou quatro contas em redes sociais e prender dois ou três vai abafar esse tipo de manifestação chega a ser ingênuo. O mais preocupante disso tudo é que essas manifestações não têm uma coordenação organizada.

O que estamos vivendo hoje decorre e muito do ativismo judicial e da intromissão desse poder nos outros poderes e na vida comum do cidadão. Repito e alerto: o momento é de muita preocupação, principalmente, porque os ditos formadores de opinião não estão fazendo o diagnóstico certo e, dessa forma, estão aplicando o remédio errado.

Ex-deputado e consultor político

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