A ofensiva tarifária de Donald Trump, que impôs novas tarifas de 30% sobre produtos da União Europeia e do México a partir de 1º de agosto, coloca os mercados financeiros à prova nesta segunda-feira (10). A decisão eleva a tensão comercial global, e os investidores terão que lidar com as consequências dessa medida.
Com o anúncio, os mercados financeiros mostraram pouca reação imediata, mas agora os analistas acreditam que o impacto será mais palpável nos próximos dias. A medida representa uma nova escalada na guerra comercial, o que pode abalar a confiança dos investidores e afetar o apetite por risco.
Reação dos investidores
Até agora, os investidores têm se mostrado relativamente insensíveis às ameaças tarifárias de Trump, mas economistas como Brian Jacobsen, da Annex Wealth Management, alertam para o risco de apostar que o presidente americano recuará dessa vez. Para Jacobsen, o impacto dessas tarifas será negativo para a economia global, afetando mais os países-alvo do que os próprios EUA.
“Investidores não devem apostar que Trump está blefando”, afirmou Jacobsen, destacando que o aumento nas tarifas pode ser mais prejudicial para a União Europeia e o México do que para os Estados Unidos. Ele também alertou que o tempo está se esgotando para que os países afetados encontrem uma forma de reverter a medida.
Reações no mercado cambial e Bitcoin
O mercado cambial, que retoma as negociações às 5h (horário de Sydney), será outro termômetro para medir os efeitos da ameaça tarifária. O euro, que recentemente atingiu o nível mais forte em relação ao dólar desde 2021, poderá perder força conforme os investidores reajustem suas expectativas.
Além disso, o Bitcoin, que alcançou um recorde histórico nos últimos dias, não apresentou grandes variações após os comunicados de Trump, indicando que os mercados podem estar mais focados na reação dos governos do que nas flutuações do mercado de criptomoedas.
União Europeia e México: respostas limitadas
Embora a União Europeia tenha tentado fechar um acordo provisório para evitar tarifas mais altas, o anúncio de Trump abalou o otimismo de Bruxelas. No entanto, o presidente dos EUA deixou espaço para ajustes nas tarifas, com a possibilidade de redução dependendo das negociações futuras.
“Como de costume, existem muitas condições e cláusulas que podem reduzir essas tarifas”, observou Jacobsen. O economista sugeriu que o mercado não entrou em pânico imediato devido à possibilidade de que essas tarifas possam ser ajustadas com o tempo.
Expectativas para as próximas semanas
Os mercados têm enfrentado dificuldades em precificar as constantes mudanças na política tarifária de Trump, que tem sido intermitente ao longo de seu segundo mandato. Mesmo após o “Dia da Libertação”, em 2 de abril, onde os mercados reagiram negativamente, a maioria das ameaças foi postergada.
Apesar do anúncio de que 1º de agosto seria o prazo final, os mercados continuam tratando essa data com cautela, como se ela ainda fosse negociável. Na última sexta-feira (7), as ações sofreram um pequeno retrocesso após uma série de máximas históricas, enquanto o dólar teve uma recuperação significativa, marcando a sua melhor semana desde fevereiro.
Fontes: oglobo.globo.com