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Todas as vidas importam mesmo?

A desigualdade no valor das vidas no Brasil e a falta de urgência na busca por desaparecidos.

Por: Rodrigo Bethlem

Infelizmente, no Brasil, nem todas as vidas têm o mesmo valor. Temos 80 mil pessoas desaparecidas, por ano, segundo estudos, no país. Muitas nunca são achadas, principalmente, por serem vítimas do crime organizado.

Mesmo com esse dado alarmante, muito pouco tem sido feito. Porém, para o caso do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso determinou, no dia 10, que o governo federal adotasse “todas as providências necessárias” para que fossem encontrados.

Por que o ministro não obriga a polícia, o Ministério Público e a Justiça a terem celeridade para solucionar boa parte de todos esses 80 mil casos?

Barroso determinou, ainda, que o governo adotasse “todas as medidas necessárias à garantia da segurança no local” e apresentasse, em até cinco dias, relatório contendo todas as providências adotadas e informações obtidas e determinou que fosse aplicada multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento de sua decisão.

Dom Phillips e Bruno Pereira desapareceram em 5 de junho no Vale do Javari, região amazônica perto das fronteiras do Peru e da Colômbia. O rastro dos dois perdeu-se quando viajavam da comunidade de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte, no estado do Amazonas. Os dois seguiam pelo rio Itaquaí em um barco novo, com 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem, e foram vistos pela última vez perto da comunidade de São Gabriel, a poucos quilômetros de São Rafael.

A Polícia Federal informou nesta sexta-feira (17) que parte dos remanescentes humanos encontrados na quarta (15), na região do Vale do Javari, é do jornalista britânico, de 57 anos. E, na tarde deste sábado, informou que foram identificados os restos mortais do indigenista Bruno, de 41, que desapareceu com Dom.


Por que isso, gente?
Não que as vidas de Dom e Bruno não sejam importantes. São, sim, muito importantes, assim como os 80 mil desaparecidos, que, por conta de não terem nenhuma retórica “fashion” para seus desaparecimentos, não terão a comoção nem medidas judiciais duras, e restarão às suas famílias aguardar algum milagre.

No Brasil, as vidas não têm o mesmo valor.

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