A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) começou a analisar o Projeto de Lei 5.756/2025. O texto propõe a criação oficial do Dia de Exu no calendário estadual, a ser celebrado em 13 de junho.
De autoria do deputado estadual Átila Nunes (PSD), o projeto busca valorizar uma das divindades centrais do Candomblé e da Umbanda, além de enfrentar o racismo religioso que atinge praticantes dessas religiões.
Data remete ao sincretismo entre Exu e Santo Antônio
O dia escolhido tem forte simbolismo histórico e religioso. Em 13 de junho, o calendário católico celebra Santo Antônio, figura que foi sincretizada com Exu durante o período colonial. Na época, praticantes das religiões africanas adaptaram seus cultos para escapar da perseguição.
“Exu é uma entidade associada à comunicação, transformação e à ligação entre mundos. Transformaram-no em símbolo de medo por ignorância e racismo”, afirmou Átila Nunes.
Segundo o parlamentar, oficializar a data também representa uma forma de reparação cultural. A proposta visa reforçar o direito à liberdade religiosa e aumentar a visibilidade das tradições afro-brasileiras, protegidas por leis federais e estaduais.
Exu e o enfrentamento à intolerância religiosa
Exu e o enfrentamento à intolerância religiosa
O projeto pretende ainda promover uma cultura de paz e respeito à diversidade religiosa. Exu, segundo a tradição iorubá, é o senhor das encruzilhadas, da comunicação e da transformação. Nas religiões de matriz africana, é ele quem abre os caminhos e estabelece a ligação entre o mundo material e o espiritual.
Apesar disso, interpretações equivocadas ainda associam Exu ao mal. Tal visão alimenta o preconceito contra religiões afro-brasileiras, que seguem sofrendo com ataques a terreiros e líderes religiosos no Brasil.
“A criação do Dia de Exu é um ato simbólico importante. É preciso combater a desinformação e o ódio que ainda cercam essas tradições”, completou Nunes.
Trâmite legislativo segue em andamento
O projeto será analisado pelas comissões permanentes da Alerj e, em seguida, passará pela votação em plenário. Caso seja aprovado, o Rio de Janeiro se tornará o primeiro estado do Brasil a reconhecer oficialmente o Dia de Exu, contribuindo para o fortalecimento das religiões de matriz africana no país.
Além disso, o texto está alinhado com a Constituição Federal, o Estatuto da Igualdade Racial e a Constituição do Estado do Rio de Janeiro, que garantem o livre exercício da fé e o combate a qualquer tipo de discriminação religiosa.
Fontes: diariodorio.com