ALERJ - Transforma sua vida

Nova lei no RJ declara Jesus Cristo como guardião oficial do estado

Nova lei sancionada por Cláudio Castro institucionaliza homenagem simbólica e reacende debate sobre fé, política e laicidade no serviço público fluminense.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, sancionou nesta quinta-feira (12/06) a lei que declara Jesus Cristo como guardião oficial do estado. A proposta havia sido aprovada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) no último dia 20. A autoria é da deputada estadual Tia Ju (Republicanos), com coautoria de sete parlamentares, a maioria da bancada evangélica.

A lei foi publicada no Diário Oficial e, apesar do simbolismo, não terá impacto direto sobre políticas públicas. Ainda assim, o texto prevê solenidades anuais em homenagem a Jesus, com honras simbólicas — embora esse artigo específico tenha sido vetado pelo governador.

Veto parcial preserva prerrogativas do Executivo

Cláudio Castro, católico e cantor gospel, justificou o veto alegando que a organização de eventos solenes compete exclusivamente ao Poder Executivo. “Cabe ao Executivo dispor sobre o funcionamento da administração pública”, afirmou o governador.

Apesar disso, a sanção do projeto reforça a identidade cristã de grande parte da população fluminense. De acordo com o Censo 2022, 83,6% dos brasileiros se declaram cristãos. No Estado do Rio, a proporção é semelhante.

Projeto nasceu com justificativa religiosa e social

Na justificativa do projeto, Tia Ju destacou a necessidade de proteção espiritual diante dos desafios enfrentados pelo estado. “É incontestável que o Rio de Janeiro precisa ser guardado por Aquele que entregou a própria vida para nos salvar”, declarou a deputada.

O relator Rodrigo Amorim (PL) também apoiou o texto. Segundo ele, a homenagem busca inspirar políticas públicas baseadas em valores como amor, compaixão, justiça e solidariedade.

Biografia de Jesus embasa proposta simbólica

A justificativa do projeto incluiu uma síntese biográfica de Jesus Cristo, apresentado como o maior profeta e líder espiritual da história. O texto relembra eventos centrais da tradição cristã, como o nascimento em Belém, a fuga para o Egito, os milagres durante sua vida pública, a crucificação e a ressurreição.

“Jesus dedicou sua vida aos pobres, aos fracos e aos oprimidos. Ele morreu e ressuscitou por todos nós”, destaca o documento.

Contexto social e religioso impulsiona o debate

A lei foi sancionada em um cenário de fortalecimento das bancadas religiosas no legislativo e crescimento do segmento evangélico no Brasil. Em 2010, os evangélicos representavam 21,6% da população. Em 2022, passaram a 26,9%.

Em contrapartida, os católicos vêm perdendo espaço, caindo de 65% para 56,7% no mesmo período. Além disso, o número de pessoas sem religião também aumentou, passando de 7,9% para 9,3%.

Críticos apontam risco à laicidade do Estado

Embora não tenha impacto legal prático, a nova lei provocou reações. Juristas e ativistas da liberdade religiosa lembram que o Estado brasileiro é laico. Para esses grupos, misturar política institucional com fé específica pode abrir precedentes controversos.

Ainda assim, parlamentares defensores da medida insistem que a intenção é apenas simbólica. Eles argumentam que Jesus Cristo representa um exemplo universal de valores éticos e não a imposição de uma fé estatal.

Fontes: oglobo.globo.com/diariodorio.com

Deixe um comentário

Você também pode gostar

Alerj aprova uso legal de spray de defesa pessoal para mulheres no Rio

Projeto de lei garante comercialização segura de spray de extratos vegetais como instrumento de legítima defesa para mulheres no Estado do Rio de Janeiro.

Alerj homenageia policiais mortos na megaoperação no Complexo do Alemão

Assembleia realiza minuto de silêncio e propõe Medalha Tiradentes post mortem após ação que mobilizou 2,5 mil agentes e deixou 64 mortos nos complexos da Penha e do Alemão.

Agora é Lei: Programa estadual de cuidados paliativos é ampliado no Rio de Janeiro

Lei 11.009/25 inclui assistência espiritual, amplia cobertura para doenças crônicas e fortalece a formação profissional no atendimento humanizado da saúde pública.