As redes sociais transformaram a maneira como as pessoas consomem informação, constroem suas visões de mundo e participam do debate público. Segundo Nina dos Santos, pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital, essas plataformas deixaram de ser apenas mediadoras de conteúdo e assumiram o papel de atores políticos, influenciando decisões de voto, reações a políticas públicas e movimentos de protesto.
Nina explica que a crescente influência das Big Techs exige uma regulação urgente para proteger a soberania nacional e garantir que decisões sobre o debate público sejam tomadas com base no interesse coletivo. “As plataformas digitais passaram a decidir o que pode ou não ser debatido, indo além de um papel neutro”, destaca.
Mudanças na Comunicação Política
Ao longo da última década, episódios como a eleição de Donald Trump em 2016, o Brexit e o escândalo da Cambridge Analytica revelaram como a desinformação e a manipulação digital podem impactar sociedades. Nina ressalta que as redes sociais não apenas distribuem conteúdo, mas também moldam crenças ao se apoiarem em climas sociais propícios para a disseminação de informações falsas.
No Brasil, a desinformação ainda desafia o governo. O atual cenário exige políticas públicas robustas, como a regulação de plataformas, e estratégias de comunicação que combatam fake news. Nina avalia os primeiros dois anos de governo de Lula como um avanço parcial, mas aponta a necessidade de integrar políticas públicas com uma comunicação digital mais estratégica.
Impacto de Conteúdos Digitais nas Decisões Políticas
Recentemente, a disseminação de informações imprecisas sobre novas regras do Pix, liderada por influenciadores digitais como o deputado Nikolas Ferreira, demonstrou o poder das redes sociais. O caso alcançou milhões de visualizações e influenciou a revogação de uma decisão governamental. Nina atribui o impacto a uma combinação de fatores: estratégias digitais bem planejadas, o uso eficiente das plataformas e a ressonância com crenças já existentes na sociedade.
Ameaças à Democracia e Desafios Futuros
A decisão de algumas plataformas, como Twitter e Facebook, de encerrar parcerias com agências de checagem de informações é apontada como preocupante. Segundo Nina, essa medida concentra o poder de decisão sobre o que é verdade ou não nas próprias empresas, enfraquecendo o jornalismo e limitando a capacidade de combate à desinformação.
“Precisamos garantir que as instituições democráticas definam as regras do debate público, sempre com foco no interesse coletivo e na preservação da liberdade de expressão”, afirma Nina. Ela também alerta para a crescente dificuldade de acesso a dados dessas plataformas, o que limita estudos e monitoramentos por parte de pesquisadores e da sociedade civil.
Resumo Breve
As redes sociais redefiniram a política, transformando-se em agentes ativos no debate público e na desinformação. Para a pesquisadora Nina dos Santos, a regulação das plataformas é fundamental para preservar a democracia e garantir que decisões sobre o debate público sejam guiadas pelo interesse coletivo.
fontes: em.com.br
conjur.com.br